Entrevista com Heloísa Rosa - "Santidade é sua canção maior"
Entrevistas domingo, novembro 01, 2009
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Pois bem! A santidade, de novo, vai ser a pauta de suas ministrações. É que desde o dia 30/10, a Mocidade da Igreja Batista da Lagoinha (sob a liderança do pastor Leonardo Capochim) está realizando, em simultâneo, os acampamentos Lagoinha Summer Beach e Lagoinha Summer Camp (o primeiro em Porto Seguro, na Bahia, e o segundo, no Sítio Águas Cantantes, em Contagem, Minas Gerais), em que Heloísa Rosa é uma das convidadas. O tema do evento: “Mente sã, povo santo”. Heloísa vai estar no Lagoinha Summer Camp no domingo à noite, 01/11 e na manhã de segunda, 02/11. A fim de saber em detalhes do que ela tem em mente para os dois dias de ministração e ainda do que pensa mais acerca da santidade, fomos conversar com ela. Nessa entrevista que nos concedeu com exclusividade antes de embarca para Minas, Heloísa também fala de seus discos gravados, incluindo o mais recente álbum, Estante da Vida. E como não poderia deixar de ser, dá seu recadinho final à juventude em geral e à mocidade de Lagoinha. Santidade é a tônica maior do recado. Eis então a entrevista:
Lagoinha.com: Uma vez que está sempre acostumada a ministrar a um público tão jovem país afora em eventos por conta de sua agenda, o que tem em mente para esse acampamento em temos de palavra e ministração?
Heloísa: Nosso intuito de estarmos no acampamento é o de compartilharmos um pouco daquilo que Deus tem falado conosco e com nossa equipe, falarmos daquilo que Deus tem nos ensinado. Isso porque a caminhada com Deus é sempre de ensinamentos, de aprendizado, com experiências. Tem teoria, mas tem muita prática. Deus gosta que a gente pratique aquilo que tem nos ensinado em momentos assim, na igreja, nos acampamentos. É isso então que temos pensado: repartir um pouco com as pessoas daquilo que Deus tem nos ensinado.
Lagoinha.com: E o que Deus tem repartido com vocês? Dá para adiantar o que pretende compartilha no dia?
Heloísa: Muitas coisas. Não apenas a santidade. Claro que tudo que vem de Deus é justo, puro, e santo. Uma das coisas que Deus tem falado conosco é sobre a identidade. O que é ser filho de Deus, o que é revelar o Reino ao mundo – e o Reino é muito maior que a religiosidade. Esses são alguns dos assuntos e fundamentos que Deus tem colocado para mim e para a equipe e que tem ficado bem claro.
Lagoinha.com: O tema do evento é a santidade. Como sempre ministra para a juventude, o que tem percebido dela em relação a isso? Tem havido santidade de fato, ou ao menos a consciência de que ela é fundamental num relacionamento com Deus e com os outros? Ou nada disso?
Heloísa: Creio que a santidade é o resultado da intimidade com Deus. Se há uma suposta santidade que advém de uma outra fonte, não é santidade. O tema que a gente aborda de base para alcançar a santidade é a intimidade com Deus. O que eu tenho visto é muita gente tentando ser santo na força de seu braço. Tem uma boa parte da juventude que tem lutado pela santidade, mas da maneira errada, com suas próprias forças, sem ter intimidade com Deus. E claro que vai ser uma santidade religiosa, e não uma santidade de verdade. Esse é um dos temas que Deus tem falado com a gente.
Lagoinha.com: Na sua opinião, qual é o maior desafio em ser santo hoje?
Heloísa: O maior desafio é permanecer em Deus. Porque o jovem vai ao acampamento e se enche, vai à igreja e bebe de tudo daquilo que Deus tem para ele, mas na segunda-feira, por causa de um pecado doméstico, por causa de uma alma ferida com o passado, com a paternidade e outras questões, ele não consegue por em prática aquilo que Deus despejou no espírito dele nesses ambientes. O maior desafio então é não só receber, mas permanecer. Esse para mim é o maior desafio hoje.
Lagoinha.com: Como conciliar a santidade com o ser jovem hoje?
Heloísa: Creio que quando Deus nos cura, nos restaura, Ele nos traz uma autenticidade. Os extremos que a gente encontra acontecem porque há um juventude também querendo ser o que o mundo é, o que os amigos dizem que tem de ser, que é legal, que para ser jovem tem de fazer isso, aquilo. Agora quando o jovem vai para a Deus, ele descobre o seu verdadeiro eu, sua identidade, a ponto de não precisar ir para o mundo fazer muitas coisas que os outros dizem que tem de ser feitas, como usar drogas, “pegar” não sei quantas meninas para provar que é homem e fazer outras coisas desse naipe para provar que é jovem, que precisa curtir a vida. Creio que quando o jovem vai para Deus, ele transmite a juventude na maior beleza que ele poderia expressar. É algo que flui, é puro, autêntico, que não se parece com ninguém. Essa é a beleza de servir a Deus, que faz com que a gente se aceite, se entenda, de forma a podermos expressar o nosso eu e se sentir orgulhoso, sendo o que a gente é em Deus. Para mim, ser jovem é isso.
Lagoinha.com: Visto que tem viajado país afora também para divulgar seu novo álbum, Estante da Vida, pretende ministrar algumas das canções desse novo disco no evento?
Heloísa: Possivelmente. Mas a gente mescla muito um pouco das canções de cada trabalho. Mas com certeza, Estante da Vida ai estar aí sim.
Lagoinha.com: Sobre seus trabalhos já gravados, que comparativo faria dos dois primeiros em relação ao mais recente pela temática abordada?
Heloísa: Todos os nossos trabalhos, nossos projetos, não são feitos apenas porque é uma boa ideia. Os trabalhos que a gente faz são feitos porque é para levar uma mensagem. O Liberta-me fala muito de libertação e tem muito a ver com a santidade, porque só podemos experimentar a santidade se deixarmos Deus nos libertar de algumas coisas. Com o Liberta-me trabalhamos muito com isso, com libertação e santidade. Com o Andando na Luz falamos de confissão de pecado, de andar na luz, de ser discipulado, pastoreado. O Estante da Vida fala mais de identidade, porque o tema da música é esse: não importa o lugar, sei que sou amado, aceito, por Deus. Então, não importa se sou famoso ou não, rico ou não, se tenho isso ou aquilo ou não tenho, o importante é saber o que eu sou em Deus. A gente então tem traçado esse caminho. A diferença entre esses trabalhos está nas mensagens, mas elas se completam e estão, de alguma forma, correlacionados.
Lagoinha.com: Algum novo projeto em vista?
Heloísa: O que temos sentido para o próximo ano é a gravação de um DVD, um sonho que está sendo amadurecido. Com certeza, um CD bem no final do ano. Estamos amadurecendo bem a ideia, orando, escrevendo as músicas, compondo. Estamos trabalhando. Com certeza, tem coisa nova vindo ai.
Lagoinha.com: Uma palavra de incentivo e alerta à juventude de hoje, especialmente não cristã.
Heloísa: A primeira necessidade que eu vejo para que eles consigam nos ouvir é quebrar essa barreira da religião, da religiosidade. Porque muitos pensam que estamos querendo que eles mudem apenas de religião. E não é. A mensagem que eu posso dizer para a minha juventude, independente de ela ser crente ou não, é que possamos amar a Deus. Ele não é religião, religioso, católico ou evangélico. Ele é soberano, absoluto, grande, acima de tudo e todos, mas ao mesmo tempo, habita em nós e deseja ter um relacionamento de intimidade. Que essa juventude possa achar em Deus a água que pode saciar a sede deles espiritualmente falando. Porque existe sim uma sede dentro de nós por Deus. E a gente sendo crente ou não sabemos dessa verdade, e nada do que a gente possa fazer ou experimentar de prazer momentâneo vai preencher essa fome e sede que a gente tem por Deus. Meu recado para essa juventude é esse: voltem para Deus, descubram quem é Ele por você mesmo, pois Deus não rejeita ninguém que O procura com um coração verdadeiro. Essa é a maior mensagem. Está acima de qualquer credo ou religiosidade. É uma mensagem do coração de Deus ao coração do homem.
Lagoinha.com: Incentivo e alerta para a juventude cristã.
Heloísa: Creio que a juventude cristã precisa ser menos preconceituosa. É a mensagem que deixo para os jovens cristãos porque se não a gente começa a ser religioso e perde a nossa intimidade com Deus. Tipo: “Ah, eu vou ser santo, vou deixar de beber, de fumar”. E a gente começa a pensar que somos melhores do que aqueles que estão lá fora. Isso é um pecado porque a Bíblia diz que não há um justo sequer. Não é porque a gente deixa de beber e de fazer algumas coisas que a gente deixa de lutar por algumas contra o nosso orgulho, a nossa prepotência, nossa ignorância, nossa falta de amor com o próximo. Ceio então que a igreja precisa quebrar muitos de seus preconceitos. Não é a libertinagem, mas é o amor. Com limites, claro. É aceitar as pessoas primeiro porque são criaturas de Deus. Não é porque uma pessoa não é crente que ela não tem nada de bom para me oferecer. Em muitas pessoas que não professam a minha fé e são pessoas de caráter, até muitas vezes mais que os crentes. Assim, é muita arrogância da nossa parte a gente dizer: “Ah, eu não vou me misturar com as pessoas do mundo que a gente gosta de dizer porque eu vou me enfraquecer”. Se a gente ao se coloca no meio das pessoas porque há o medo de enfraquecer, realmente a nossa fé é muito fraca e não estamos fundamentos em Jesus. Se estamos, não vamos defender religião, mas os princípios eternos de Deus. Então, acredito que a nossa juventude precisa parar de ser preconceituosa para experimentar a verdadeira espiritualidade. Aquele que é verdadeiro espiritualmente não exclui ninguém, mas inclui. Porque Deus não exclui ninguém.
Lagoinha.com: Como é possível manter o equilíbrio para não cair nos extremos, ora de isolamento e exclusão, ora de permissividade e relativismo?
Heloísa: Esse é o nosso desafio de hoje. E não tenho uma resposta pronta para isso. Não posso simplesmente simplificar. Eu creio que temos sempre que viver numa busca de autoconhecimento porque Deus trabalha nisso, Ele quer que a gente se conheça. É por isso que nos leva para o deserto para mostrar nosso coração. Só que é mais fácil cairmos ou na libertinagem ou no puritanismo do que viver em intimidade com Deus diariamente. É porque não andamos com Deus que caímos no extremo. As duas coisas ferem. Todo extremo fere. Jesus morreu exatamente no meio da cruz. Não foi de um lado ou outro, mas bem no meio e entre duas pessoas. Isso mostra para mim que o evangelho é equilíbrio. Buscar esse equilíbrio é buscar diariamente a Deus, ter uma vida de intimidade com Ele. A vontade dEle não é a rigidez, tipo: “Ah meu Deus, eu tenho de fazer isso porque se não fizer não serei um crente perfeito”. Não é isso, não é assim. Vamos viver uma vida com Deus em seriedade, em postura de filhos dele, mas nada de tortura, de autoflagelo. Tenho visto muito isso.
Lagoinha.com: Como é e tem sido para você ser uma referência de santidade para muita gente, principalmente jovens? É desafio ou peso?
Heloísa: Não é peso não, porque sempre encarei a minha identidade e entendi o que Deus tinha e tem para mim muito cedo. Foi por isso que abri mão de muitas coisas para viver isso que tenho vivido hoje. E tudo que tenho vivido hoje é realmente reflexo da minha dedicação e entrega a Deus. Posso dizer que sempre procurei andar com Ele e isso trouxe por um tempo um certo desequilíbrio para mim. Mas a gente é assim. O problema não é com Ele, mas com a gente. Quando começou esse mover de adoração em Belo Horizonte, eu achava que Deus vivia só para mim e eu para Ele. Por muito tempo na minha adolescência eu vivia dentro do quarto. Pegava um CD e ficava lá por horas. Como eu cresci. Só que quando a gente vai crescendo mesmo e amadurecendo, Deus vai nos ensinando que há um povo lá fora que precisa de ajuda. A igreja também precisa de pessoas saradas, curadas. Entendi que também precisava ser curada e sarada para poder ser instrumento de Deus para o mundo e para a igreja. Tenho 12 anos de ministério e minha vida poder dizer isso. Eu e meu marido Marcus estamos casados há três anos. Casei virgem, tenho orgulho em dizer isso. Minha mãe foi uma discipuladora de Deus na minha vida, mas nunca me colocou medo, tipo: “Óhhhh, se você fizer algo errado, Deus vai vir, vai jogar um raio na sua cabeça...” Não! Ela sempre incentivava minha consciência me dizendo: “Olha sua vida, o que Deus te deu, seu futuro, todas as coisas”. Ela sempre trabalhou na minha consciência. E hoje é muito fácil para mim entender que Deus trabalha na minha consciência. O amor de Deus realmente nos constrange a vivemos uma vida de santidade. E a vida de santidade não é um peso, mas uma resposta de meu amor a Ele.
Lagoinha.com: Uma palavra para a juventude de Lagoinha.
Heloísa: Eu me sinto muito feliz por saber que em Belo Horizonte há um grupo de jovens que professam o nome do Senhor, que crê nEle e O ama. Eu espero que esses jovens possam realmente fazer a diferença nessa cidade porque precisa. Belo Horizonte tem muitos jovens que não conhecem o Senhor Jesus ainda e fomos plantados em cada cidade para trazermos a glória de Deus, o Reino de Deus. Meu recado então é esse: que eles possam viver com intimidade e santidade em Deus. Que a gente possa ser luz no meio das trevas.
Lagoinha.com: Você é mineira, uai. O que é BH para você?
Heloísa: Tenho tanta saudade que se falar muito eu choro. (Risos). Povo mineiro é o povo mais carinhoso que existe. Nada contra Curitiba (cidade onde reside hoje com o esposo), São Paulo e outras cidades, claro. Que Deus, os curitibanos, os paulistas e gente de outras cidades me perdoem, mas não tem povo igual ao mineiro, viu. Nem te conhece direito, te chama: “Vem tomar café na minha casa, vamos conversar...” eu sinto uma falta disso. Meu Deus! É muito comer pão de queijo junto e falar de Deus. Muito bom! Fico lembrando do tempo que morava aí. Minha mãe (in memorian) tinha uma mesa bem grande e quase todos os dias a gente recebia jovens da igreja em casa. As conversas eram muito boas, muito produtivas. Falava-se sobre tudo. Sobre Deus, sobre santidade, igreja, Bíblia, vida, morte, mundo, tudo. Era muito bom. Tenho muitas saudades disso, de casa cheia, pão de queijo, café e minha mãe. BH é isso par mim.
Lagoinha.com: Uma palavra final de agradecimento
Heloísa: Quero agradecer a Deus porque Ele mudou a minha sorte. Eu não merecia e não mereço o que Ele tem me dado. Isso só revela o tanto que Ele é bom, maravilhoso. Agradeço à Igreja verdadeira e não a igreja religiosa. Aos pastores que têm lutado por ver um evangelho de verdade e que têm dado a vida para que esse quadro que o mundo pinta acerca da igreja - de que ela existe só para pedir dinheiro, que crente fala as coisas e não cumprem – mude. Porque a igreja evangélica tem crescido muito nos últimos anos, mas a gente só tem visto que na verdade só tem inchado, crescendo em quantidade, mas em qualidade tem deixado a desejar. Mas sei que têm muitos pastores que têm tentado discipular o povo para que a gente seja luz de verdade. Meu agradecimento então a Deus em primeiro lugar. Em segundo lugar, a esse povo espalhado no Brasil e no mundo que tem tentado fazer a diferença. De verdade.